Hegel defende que a arte é superior à natureza, e eu estou com ele. Sabe por quê? Hegel, no seu curso de estética, disserta sobre a existência do espírito na obra de arte — ou seja, a imagem que o artista imprime na obra é a mesma (ou o mais próximo que ele conseguiu chegar) da imagem da natureza, do mundo real, vista pelo seu espírito, uma imagem espiritual. A percepção do artista que só pode ser dada por meio da alma, do que se tem de imaterial, é o que ele almeja expressar de maneira universal e bela ao criar sua obra. Uma vez que o espírito é superior à matéria, temos que um quadro de uma paisagem é superior a uma paisagem, já que esse se refere à expressão do espírito, e não somente expressão material da vida.
Daí tiramos então como a arte tem a ver com o espírito do homem, que por sua vez é o que temos de mais próximo com Deus, e reflete ordem, harmonia, transcendentalidade. Perceba que grande responsabilidade temos então ao julgar que algo é arte ou não é, pois quando o fazemos, estamos nos referindo diretamente à coisas do nosso espírito! Como poderia então se dizer que um quadro caótico, desordenado, que sugere vícios e tristezas, um retorno à carne, é arte? Como associar coisas tão “atranscendentes” ao espírito? Veja que grande responsabilidade temos ao sermos juízes estéticos e artísticos.
Dizer que um quadro de Pollock (dado aqui como um exemplo, poderia citar muitos outros considerados artistas) é arte é subjugar nossa própria alma, acorrentar o ideal ao secular, fazer do transcendente brinquedo de expressão vulgar. A vida imita a arte, entende? Se a arte é bestial, é bestial então a nossa vida. Não brinquemos mais com os juízos, não nos deixemos rebaixar culturalmente simplesmente para estar em uma moda, para confrontar, para quebrar paradigmas! Arte e beleza são coisas sérias, entendamos bem de agora em diante.
“Todo indivíduo que sente a necessidade de uma sociedade humana deve aprender a entender sua responsabilidade perante a arte quase tanto perante a vida. Ele deve evitar encorajar as formas indesejáveis e muito menos as bestializadoras, não só da vida mas da arte também. Só pode fazer isso se der-se o trabalho de educar-se para o mundo ideado como o faz para o mundo real.” Bernard Berenson
Deixe um comentário